É difícil não sair de um longo papo com Adriana Esteves com vontade de prolongar a conversa ainda mais. Divertida, franca e cheia de histórias curiosas, ela deu um tempo nas férias - após emendar três temporadas de Toma Lá Dá Cá e a minissérie Dalva e Herivelto - para bater um papo com o site da Rede Globo e recordar grandes momentos da carreira. Trajetória, aliás, cheia de passagens curiosas, que vão da formação em balé clássico a um concurso no Domingão do Faustão que a revelou como atriz para o país inteiro. Com 20 anos de carreira e 40 de idade, ela não se queixa do passar do tempo. Pelo contrário: celebra uma maturidade profissional que a permite encarar uma gama de papéis cada vez mais diversificada. Mas vamos deixar a Adriana falar que é muito mais divertido
Você trabalhou como modelo e fez teatro no Tablado. O que começou primeiro?
Adriana Esteves - Com dez anos comecei a ficar com vontade de fazer balé clássico!
Então foi a dança o seu primerio estímulo.
Adriana Esteves - Queria muito, a ponto de perder o sono e enlouquecer meus pais, de tanto pedir para eles. E conseguimos uma coisa muito bacana. Meu pai tinha três filhas, estudava em colegio particular e era caro para os meus pais. E queria fazer balé em um local muito importante, que era o Centro de Dança Rio. E que era caro para minha família também. Era difícil para meus pais pagarem três escolas, três cursos de inglês mais o balé. Insisti para minha mãe pedir uma bolsa. Só que a bolsa era dada, como várias bolsas estudantis, de acordo com desempenho e dedicação do aluno na escola. E isso me fazia ficar muito dedicada. Depois veio o curso profissionalizante, que era aula de 3 a 4 horas por dia. Lá em casa tinha uma regrinha: só continuaria no balé dessa forma, se continuasse bem nos estudos. Então fiquei muito dedicada naquele periodo de formação, dos 11 aos 16 anos. Aos 16 comecei a pensar na vida profissionalmente e comecei a me desencantar com o balé.
Por quê?
Adriana Esteves - Comecei a achar que profissionalmente não teria um futuro que imaginava. Era muito dedicada ao balé clássico, mas eu não tinha dotes físicos para ser uma primeira bailarina. E meu interesse era palco, nao era dar aula ou ter academia de balé. Aí comecei a desistir. Foi uma fase de vaidade também. Queria trabalhar, ganhar dinheiro e me movimentar. E na época teve um boom da ginástica que me tirou do balé. Era uma fase vaidosa. E comecei a trabalhar como modelo. Fiquei bem bonitinha [risos], porque o balé clássico me deixava muito magrelinha e muito branquinha, pois não tomava muito sol. Comecei a tomar mais sol, ficar de cabelo solto porque vivia de cabelo preso [risos]. E comecei a passear nas baladas da época com as amigas e ser convidada para fotografar para as revistas.
Você foi descoberta por acaso, na noite.
Adriana Esteves - Era uma época com pouca revistas de celebridades, era uma coisa mais social do Rio de Janeiro. Nessa época fui convidada para fotografar e um trabalho puxou o outro. Em paralelo, fui fazer faculdade de comunicação. Publicidade. E, com 17, 18 anos, comecei a achar que fotografar e modelar não estava tão satisfatório para mim.
Você se formou e chegou a exercer a profissão?
Adriana Esteves - Não. Quando me formei estava fazendo novela. Mas antes disso fui convidada para apresentar um programa de variedades que era exibido na TV Bandeirantes. Um produtor da Rede Globo, chamado Alexandre Lannes, junto com o Boninho, ficou sabendo de mim apresentando esse programa. E me convidaram para um quadro no programa do Faustão, chamado Controle Remoto. Apresentei junto com um grande ator chamado Cássio Scapin. Só que o programa não passou do piloto. Deve ter ficado ruim [risos]. Nós fomos substituídos por Stella Freitas e Pedro Cardoso.
Mas você ficou famosa em um concurso no Faustão, né?
Adriana Esteves - Isso foi um ano depois. Eu já tinha saído do meu programa da Bandeirantes. Fiquei um pouco chateada [pelo piloto não ter emplacado no Faustão] e fui conversar com a produção, as pessoas da Globo. Eles falaram: "O que a gente pode fazer por você é tentar um teste em uma novela que vem aí, chamada Top Model". Estudei muito para fazer o teste [veja ao lado]. Tive até que fazer uma cena da Malu Mader de Anos Dourados [veja entrevista especial com Malu aqui]. E estudando na minha casa eu tive a certeza absoluta que eu queria ser atriz e aquilo tinha que acontecer na minha vida. Sei que estes testes foram bem legais. Eles me renderam um personagem e um concurso que foi exibido, com as cenas dos testes que a gente estava fazendo, no programa do Faustão, que estava começando. As finalistas foram eu, Flávia Alessandra e Gabriela Duarte. Mas quem ganhou o concurso foi a Flávia Alessandra [as três finalistas participaram da trama].
Todo mundo ganhou no final das contas, né?
Adriana Esteves - Está todo mundo aí, trabalhando até hoje [sorri].
No seu começo na Globo você caiu nas novelas né? Só depois que fez outros tipos de programa...
Adriana Esteves - [interrompe] E no começo era a mocinha, a heroína romântica. De repente, no decorrer da minha trajetória, comecei a fazer novelas com humor. De novelas com humor isso passou para um convite do [Roberto] Talma com o Miguel Falabella para fazer o Toma Lá Dá Cá. E foi uma delícia, foram três anos fazendo humor. No teatro nunca fiz humor, quero muito me aventurar em uma comédia teatral.
Depois destas experiências, você tem um gênero favorito?
Adriana Esteves - Eu acho que sou de tudo. Só não sou de musical [risos]. Falo isso de brincadeira. Porque o trabalho que hoje no momento estou mais encantada foi o resultado da minissérie Dalva e Herivelto. Foi uma das coisas mais especiais da minha vida, mais dificeis, uma entrega absoluta em todos os sentidos [no vídeo ao lado, Adriana se recorda da personagem]. E não só profissional. Vasculhei e mexi em coisas da minha vida que não imaginei que seriam tão enriquecedoras para mim. Quando comecei a fazer as entrevistas com a família da Dalva, vê-la em vídeo, ouvi-la, o que mais me chamava atenção era a simplicidade dela. A grandiosidade da simplicidade dela. E isso foi um desafio. Porque eu falava assim: "Eu entendo isso, eu me conecto a isso. Aonde eu vou buscar isso em mim?". Dentre a série de coisas técnicas que fui estudar e trabalhar para fazer o personagem, isso era fundamental. Fiz viagens interessantes dentro de mim e da minha familia. Convivi com pessoas muito interessantes e prestei atenção em pessoas da minha família... Avós, tios, primos que não via e não estava com intimidade há muito tempo. Eles me ajudaram a fazer uma conexão com Dalva e a familia do universo dela. A partir daí posso ate dizer que o presente de ter feito esse trabalho foi tão grande que, sem ele ter sido exibido, só de ter sido feito, já foi um presente riquissimo para mim pessoalmente.
Você apresentou dalva para uma geração...
Adriana Esteves - É uma responsabilidade muito grande. Mas, de início, a responsabilidade maior para mim era corresponder às pessoas que a conheceram. Os filhos, os fãs, o Nacib, que é o presidente do fã-clube, um senhor maravilhoso que me ajudou muito. Era importante para mim respeitar a Dalva daquelas pessoas.
Em termos de reconhecimento da crítica, acha que foi um ponto forte da sua trajetória? Você também foi elogiada como a Sandrinha de Torre de Babel...
Adriana Esteves - Ah, a Sandrinha foi muito elogiada na épóca. Mas são coisas diferentes, né? Quando você faz um personagem na novela das oito, que é de uma audiência enorme, e o personagem cai nas graças, é empático, é uma alegria enorme. As pessoas sorriem para você, brincam contigo. É como se o Brasil tivesse virado o Méier, o bairro onde eu nasci. Virou todo mundo meu vizinho. Em qualquer lugar do Brasil que eu ando as pessoas falam: "oi Adriana!" [risos].
Mesmo quando o personagem faz vilanias? O público separa as coisas?
Adriana Esteves - Comigo separam. Talvez eu nunca tenha feito uma vilã tão vilã...[pensa em silêncio] Mas a Sandrinha era! [risos] Ela explodiu o shopping da novela...
Foi então uma mistura de reconhecimento de crítica e público. Em termos de reação do público, a Sandrinha foi a que deu mais repercussão?
Adriana Esteves - Teve a Sandrinha, mas no momento a mais falada é a Dalva. E tinha o Toma Lá Da Cá, com esse bordãozinho assim [faz o ataque cardíaco da Celinha, que você recorda no vídeo ao lado]. Eu passava nas ruas, nos shoppings, e as meninas tinham um ataque de risos. O Miguel Falabella entrou no show da Madonna e me disse que, na hora em que desceu, a plateia feminina fez assim [repete o gesto]. Mas teve também O Cravo e a Rosa, quando fiz a Catarina. Outro dia encontrei um somellier em um restaurante e ele me falou: "Adriana, preciso te contar uma coisa: A minha filha se chama Catarina por sua causa". E disse que até hoje ela corta o cabelinho que nem a personagem.
Você acabou de completar uma maratona. Foram três anos de Toma Lá Dá Cá e emendou com Dalva...
Adriana Esteves - Fiquei seis meses fazendo junto os dois. Não tinha um dia de folga. A gente filmou em dois, três meses, mas eu fiquei três meses me preparando antes.
Depois da maratona de trabalho, o que quer fazer? O que ainda falta fazer?
Adriana Esteves - Eu tenho três filhos. Um marido [o ator Vladimir Brichta] que sou completamente apaixonada e que tem uma carreira bastante atuante, que é inquieto e muito dedicado também. E a nossa vida acaba sendo um grupo, um conjunto muito grande. Então é importante para o nosso respiro, para solidificar nossa história, o tempinho sem trabalhar. Tenho três filhos de idade diferentes, então estou bem atuante e bem ligada em cuidar deles. Levar aos médicos, aos dentistas, começa a usar aparelho, não começa a usar aparelho, desfraldar o pequeno, a maior que está mocinha, acompanhar o menino na escola...
A Adriana é uma mãezona que marca em cima dos filhos, é preocupada?
Adriana Esteves - Eu sou. Do dever de casa à saúde. Eu me coloco muitas tarefas domésticas em relação a eles. Eu não posso ver a casa deteriorando. Se eu vejo que a parede começou a ficar suja, se tem um vazamento, aquilo me deixa triste e eu preciso arrumar a casa. E aí, quando eu não estou trabalhando, é a hora de dar essa grande arrumada na casa, até metaforicamente, para poder me jogar em um outro trabalho.
Com o ânimo renovado, o que você gostaria de fazer?
Adriana Esteves - [Pensativa] Gostaria de viver mais uma vez uma grande vilã. Também tenho muita vontade de trabalhar novamente com o diretor Luiz Fernando Carvalho, que foi uma das primeiras pessoas que me apresentaram o ofício na televisão. Eu tenho uma grande admiração por ele, mas não trabalhamos juntos há muito tempo. Também tenho muita vontade de fazer mais teatro. E tenho um projeto aí, que eu não sei para quando vai ficar direito: eu adoraria ter mais um filhinho. Só que são coisas que não dependem só da minha vontade, Papai do Céu tem que querer [risos]. Esse é o maior presente que não depende só da nossa vontade.
Tem vontade de fazer mais comédia?
Adriana Esteves - Tenho muita... [pausa] Estou com 40 anos e 20 de profissão, estou em um momento em que abri um leque da minha vida, várias coisas que se referem à minha profissão irão me deixar muito feliz e abastecida. Tanto na comédia, como no drama, como no cinema, no teatro... Tanto em uma obra longa, como novela, que não faço há muito tempo...
É uma maturidade profissional que te permite transitar mais.
Adriana Esteves - É uma maturidade profissional e são horas de voo. Eu trabalhei tanto, eu me entreguei tanto, que fui abrindo espaço em vários caminhos. E também tive coragem [risos]. Eu sou uma pessoa corajosa... Eu posso ter medo de avião, elevador, de escuro, mas a entrega que eu tenho profissionalmente não me deixa ter medo de nada. Eu queria até carregar essa coragem profissional para minha vida pessoal [gargalhadas].
Fonte:redeglobo.globo.com
Você trabalhou como modelo e fez teatro no Tablado. O que começou primeiro?
Adriana Esteves - Com dez anos comecei a ficar com vontade de fazer balé clássico!
Então foi a dança o seu primerio estímulo.
Adriana Esteves - Queria muito, a ponto de perder o sono e enlouquecer meus pais, de tanto pedir para eles. E conseguimos uma coisa muito bacana. Meu pai tinha três filhas, estudava em colegio particular e era caro para os meus pais. E queria fazer balé em um local muito importante, que era o Centro de Dança Rio. E que era caro para minha família também. Era difícil para meus pais pagarem três escolas, três cursos de inglês mais o balé. Insisti para minha mãe pedir uma bolsa. Só que a bolsa era dada, como várias bolsas estudantis, de acordo com desempenho e dedicação do aluno na escola. E isso me fazia ficar muito dedicada. Depois veio o curso profissionalizante, que era aula de 3 a 4 horas por dia. Lá em casa tinha uma regrinha: só continuaria no balé dessa forma, se continuasse bem nos estudos. Então fiquei muito dedicada naquele periodo de formação, dos 11 aos 16 anos. Aos 16 comecei a pensar na vida profissionalmente e comecei a me desencantar com o balé.
Por quê?
Adriana Esteves - Comecei a achar que profissionalmente não teria um futuro que imaginava. Era muito dedicada ao balé clássico, mas eu não tinha dotes físicos para ser uma primeira bailarina. E meu interesse era palco, nao era dar aula ou ter academia de balé. Aí comecei a desistir. Foi uma fase de vaidade também. Queria trabalhar, ganhar dinheiro e me movimentar. E na época teve um boom da ginástica que me tirou do balé. Era uma fase vaidosa. E comecei a trabalhar como modelo. Fiquei bem bonitinha [risos], porque o balé clássico me deixava muito magrelinha e muito branquinha, pois não tomava muito sol. Comecei a tomar mais sol, ficar de cabelo solto porque vivia de cabelo preso [risos]. E comecei a passear nas baladas da época com as amigas e ser convidada para fotografar para as revistas.
Você foi descoberta por acaso, na noite.
Adriana Esteves - Era uma época com pouca revistas de celebridades, era uma coisa mais social do Rio de Janeiro. Nessa época fui convidada para fotografar e um trabalho puxou o outro. Em paralelo, fui fazer faculdade de comunicação. Publicidade. E, com 17, 18 anos, comecei a achar que fotografar e modelar não estava tão satisfatório para mim.
Você se formou e chegou a exercer a profissão?
Adriana Esteves - Não. Quando me formei estava fazendo novela. Mas antes disso fui convidada para apresentar um programa de variedades que era exibido na TV Bandeirantes. Um produtor da Rede Globo, chamado Alexandre Lannes, junto com o Boninho, ficou sabendo de mim apresentando esse programa. E me convidaram para um quadro no programa do Faustão, chamado Controle Remoto. Apresentei junto com um grande ator chamado Cássio Scapin. Só que o programa não passou do piloto. Deve ter ficado ruim [risos]. Nós fomos substituídos por Stella Freitas e Pedro Cardoso.
Mas você ficou famosa em um concurso no Faustão, né?
Adriana Esteves - Isso foi um ano depois. Eu já tinha saído do meu programa da Bandeirantes. Fiquei um pouco chateada [pelo piloto não ter emplacado no Faustão] e fui conversar com a produção, as pessoas da Globo. Eles falaram: "O que a gente pode fazer por você é tentar um teste em uma novela que vem aí, chamada Top Model". Estudei muito para fazer o teste [veja ao lado]. Tive até que fazer uma cena da Malu Mader de Anos Dourados [veja entrevista especial com Malu aqui]. E estudando na minha casa eu tive a certeza absoluta que eu queria ser atriz e aquilo tinha que acontecer na minha vida. Sei que estes testes foram bem legais. Eles me renderam um personagem e um concurso que foi exibido, com as cenas dos testes que a gente estava fazendo, no programa do Faustão, que estava começando. As finalistas foram eu, Flávia Alessandra e Gabriela Duarte. Mas quem ganhou o concurso foi a Flávia Alessandra [as três finalistas participaram da trama].
Todo mundo ganhou no final das contas, né?
Adriana Esteves - Está todo mundo aí, trabalhando até hoje [sorri].
No seu começo na Globo você caiu nas novelas né? Só depois que fez outros tipos de programa...
Adriana Esteves - [interrompe] E no começo era a mocinha, a heroína romântica. De repente, no decorrer da minha trajetória, comecei a fazer novelas com humor. De novelas com humor isso passou para um convite do [Roberto] Talma com o Miguel Falabella para fazer o Toma Lá Dá Cá. E foi uma delícia, foram três anos fazendo humor. No teatro nunca fiz humor, quero muito me aventurar em uma comédia teatral.
Depois destas experiências, você tem um gênero favorito?
Adriana Esteves - Eu acho que sou de tudo. Só não sou de musical [risos]. Falo isso de brincadeira. Porque o trabalho que hoje no momento estou mais encantada foi o resultado da minissérie Dalva e Herivelto. Foi uma das coisas mais especiais da minha vida, mais dificeis, uma entrega absoluta em todos os sentidos [no vídeo ao lado, Adriana se recorda da personagem]. E não só profissional. Vasculhei e mexi em coisas da minha vida que não imaginei que seriam tão enriquecedoras para mim. Quando comecei a fazer as entrevistas com a família da Dalva, vê-la em vídeo, ouvi-la, o que mais me chamava atenção era a simplicidade dela. A grandiosidade da simplicidade dela. E isso foi um desafio. Porque eu falava assim: "Eu entendo isso, eu me conecto a isso. Aonde eu vou buscar isso em mim?". Dentre a série de coisas técnicas que fui estudar e trabalhar para fazer o personagem, isso era fundamental. Fiz viagens interessantes dentro de mim e da minha familia. Convivi com pessoas muito interessantes e prestei atenção em pessoas da minha família... Avós, tios, primos que não via e não estava com intimidade há muito tempo. Eles me ajudaram a fazer uma conexão com Dalva e a familia do universo dela. A partir daí posso ate dizer que o presente de ter feito esse trabalho foi tão grande que, sem ele ter sido exibido, só de ter sido feito, já foi um presente riquissimo para mim pessoalmente.
Você apresentou dalva para uma geração...
Adriana Esteves - É uma responsabilidade muito grande. Mas, de início, a responsabilidade maior para mim era corresponder às pessoas que a conheceram. Os filhos, os fãs, o Nacib, que é o presidente do fã-clube, um senhor maravilhoso que me ajudou muito. Era importante para mim respeitar a Dalva daquelas pessoas.
Em termos de reconhecimento da crítica, acha que foi um ponto forte da sua trajetória? Você também foi elogiada como a Sandrinha de Torre de Babel...
Adriana Esteves - Ah, a Sandrinha foi muito elogiada na épóca. Mas são coisas diferentes, né? Quando você faz um personagem na novela das oito, que é de uma audiência enorme, e o personagem cai nas graças, é empático, é uma alegria enorme. As pessoas sorriem para você, brincam contigo. É como se o Brasil tivesse virado o Méier, o bairro onde eu nasci. Virou todo mundo meu vizinho. Em qualquer lugar do Brasil que eu ando as pessoas falam: "oi Adriana!" [risos].
Mesmo quando o personagem faz vilanias? O público separa as coisas?
Adriana Esteves - Comigo separam. Talvez eu nunca tenha feito uma vilã tão vilã...[pensa em silêncio] Mas a Sandrinha era! [risos] Ela explodiu o shopping da novela...
Foi então uma mistura de reconhecimento de crítica e público. Em termos de reação do público, a Sandrinha foi a que deu mais repercussão?
Adriana Esteves - Teve a Sandrinha, mas no momento a mais falada é a Dalva. E tinha o Toma Lá Da Cá, com esse bordãozinho assim [faz o ataque cardíaco da Celinha, que você recorda no vídeo ao lado]. Eu passava nas ruas, nos shoppings, e as meninas tinham um ataque de risos. O Miguel Falabella entrou no show da Madonna e me disse que, na hora em que desceu, a plateia feminina fez assim [repete o gesto]. Mas teve também O Cravo e a Rosa, quando fiz a Catarina. Outro dia encontrei um somellier em um restaurante e ele me falou: "Adriana, preciso te contar uma coisa: A minha filha se chama Catarina por sua causa". E disse que até hoje ela corta o cabelinho que nem a personagem.
Você acabou de completar uma maratona. Foram três anos de Toma Lá Dá Cá e emendou com Dalva...
Adriana Esteves - Fiquei seis meses fazendo junto os dois. Não tinha um dia de folga. A gente filmou em dois, três meses, mas eu fiquei três meses me preparando antes.
Depois da maratona de trabalho, o que quer fazer? O que ainda falta fazer?
Adriana Esteves - Eu tenho três filhos. Um marido [o ator Vladimir Brichta] que sou completamente apaixonada e que tem uma carreira bastante atuante, que é inquieto e muito dedicado também. E a nossa vida acaba sendo um grupo, um conjunto muito grande. Então é importante para o nosso respiro, para solidificar nossa história, o tempinho sem trabalhar. Tenho três filhos de idade diferentes, então estou bem atuante e bem ligada em cuidar deles. Levar aos médicos, aos dentistas, começa a usar aparelho, não começa a usar aparelho, desfraldar o pequeno, a maior que está mocinha, acompanhar o menino na escola...
A Adriana é uma mãezona que marca em cima dos filhos, é preocupada?
Adriana Esteves - Eu sou. Do dever de casa à saúde. Eu me coloco muitas tarefas domésticas em relação a eles. Eu não posso ver a casa deteriorando. Se eu vejo que a parede começou a ficar suja, se tem um vazamento, aquilo me deixa triste e eu preciso arrumar a casa. E aí, quando eu não estou trabalhando, é a hora de dar essa grande arrumada na casa, até metaforicamente, para poder me jogar em um outro trabalho.
Com o ânimo renovado, o que você gostaria de fazer?
Adriana Esteves - [Pensativa] Gostaria de viver mais uma vez uma grande vilã. Também tenho muita vontade de trabalhar novamente com o diretor Luiz Fernando Carvalho, que foi uma das primeiras pessoas que me apresentaram o ofício na televisão. Eu tenho uma grande admiração por ele, mas não trabalhamos juntos há muito tempo. Também tenho muita vontade de fazer mais teatro. E tenho um projeto aí, que eu não sei para quando vai ficar direito: eu adoraria ter mais um filhinho. Só que são coisas que não dependem só da minha vontade, Papai do Céu tem que querer [risos]. Esse é o maior presente que não depende só da nossa vontade.
Tem vontade de fazer mais comédia?
Adriana Esteves - Tenho muita... [pausa] Estou com 40 anos e 20 de profissão, estou em um momento em que abri um leque da minha vida, várias coisas que se referem à minha profissão irão me deixar muito feliz e abastecida. Tanto na comédia, como no drama, como no cinema, no teatro... Tanto em uma obra longa, como novela, que não faço há muito tempo...
É uma maturidade profissional que te permite transitar mais.
Adriana Esteves - É uma maturidade profissional e são horas de voo. Eu trabalhei tanto, eu me entreguei tanto, que fui abrindo espaço em vários caminhos. E também tive coragem [risos]. Eu sou uma pessoa corajosa... Eu posso ter medo de avião, elevador, de escuro, mas a entrega que eu tenho profissionalmente não me deixa ter medo de nada. Eu queria até carregar essa coragem profissional para minha vida pessoal [gargalhadas].
Fonte:redeglobo.globo.com
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